quinta-feira, janeiro 31

Ode to... (1)

E numa manhã acordei sozinha!

Na cidade nada se movia, apenas o vento com a sua doce melodia a ecoar pelos meus cabelos. E numa tarde uma lágrima chorei, uma gota de água me caiu pelo rosto, mas não por felicidade, lágrima de dor chuvida por aqueles que aprendi a amar. E numa noite divaguei pelo mundo dos sonhos, mundo onde sou senhora e rainha, dona absoluta da verdade, amada e temida, um mundo onde não consigo viver... Aprendi a odiar, aprendi a sofrer e o dia que passei é retrato perfeito do tempo em que vivo...

Qual a diferença da cidade cheia de gente na qual sou desconhecida por todos? Qual a diferença entre o azul do céu que tanto amo num lugar em que tudo se limita ao preto e branco?
Revolta, sim revolta, e quem sabe talvez angústia por nada poder mudar. Mas mudar, uma mudança para ser criticada por outro alguém como eu, não concordas? Iniciaria a construção do Mundo dos Sonhos, o meu Mundo dos Sonhos...

E como tudo é pequeno, tudo sufoca, tudo prende e não há nada que me faça sentir melhor. É nesta altura que compreendo o valor de estar sozinha, sozinha, mas envolvida num mar de gente, gritar alto e não ser ouvida.
Longe vai o tempo em que me pensava perdida, mas não, não, não! Estou achada, sou única para mim, mas igual a todos os outros, tal e qual falamos no outro dia "pérola negra, imperfeita que tanto aprendi a amar", e que por ser tão feia e distorcida é bela, é o auge da perfeição, é tudo aquilo com que sonho!Sonhar, voar, perder-me num emaranhado de sentidos, dor, prazer, não fazem eles parte de tudo? E a dor? A dor sentida quando entras na realidade, quando sabes que não fazes mais parte daquele Mundo que em tempos te acolhia, não a sentes também?

Cada vez que saio da Ostra que me protege sinto-me ofendida, desrespeitada, agredida pela sociedade que me envolve e impõe regras sem sentido ou compreensão alguma, porque serei eu a abrir mão perante aqueles que nada fazem para me ajudar quando preciso, é nestas alturas que entendo como se sentem os loucos, e agora que penso nem sei se loucos são, poderei eu chamar doente a uma pessoa que apenas tentou mudar a maneira de ver das coisas, sou tão louca quanto eles, louca por tentar convencer-me de que tudo está bem, pois estou bem no fundo da caverna, quieta e quente, tenho tudo o que preciso!
Quando penso que está tudo perdido aparece uma força, não força de amor, nem tão pouco de alguém, uma força só minha, algo que vem a gritar da minha alma e que me diz que não posso baixar sempre a cabeça, algo que me faz lutar por mim, pelos meus sonhos e até mesmo pesadelos...
Achas que estou louca?

4 comentários:

QqCoisa disse...

Tá doida a mulher! LOLOL :P AH... fim de semana :P

Hélder disse...

Post brutal!

O problema das ostras é que têm de se abrir de vez em quando, para descomprimir o que está lá dentro!

Feitiozinho disse...

qqcoisa: não está, sempre foi :)

Feitiozinho disse...

htsousa: é verdade, mas nem sempre gostamos da pérola negra que nos aparece... estamos habituados à branca, redonda e reluzente... enfim...