Ode à V

Acho que se pode dizer que a vida corporativa é tudo aquilo que vemos em filmes e um bocadinho mais, há sempre qualquer coisa que nos cai no goto. Uma pessoa tem que aprender a engolir alguns sapos, ter paciência suficiente para ir contra a maré e insistir que as coisas estão mal feitas, principalmente quando as queremos corrigir.

Já aprendi que não vale a pena confiar cegamente nos que os outros fazem, se formos espertos só largamos o osso quando ele estiver bem enterrado e de preferência a mais de 7 pés para que não apareçam esqueletos desenterrados. Sempre ouvi dizer que o melhor que podemos fazer é rodearmo-nos de pessoas em quem confiamos e que sejam competentes, e se assim for sejam espertos e não os deixem fugir.

Vestir a camisola cegamente é uma estupidez, perder a identidade é do pior que podem fazer… mesmo que isso vos custo frente a frentes e choques ideológicos para os quais acham que não estão preparados, é com eles que se aprende, principalmente quando saímos com razão ou então de cabeça erguida com bom perder.

Nem sempre o que é bom para a empresa é o melhor para nós, e quando isto começar a acontecer mais vezes do que é suportável chegou a hora de dar corda aos sapatinhos, não há nada mais importante que a nossa sanidade.

Aqui vai, Ode à V:

Já sou quem tu queres que eu seja,
Tenho emprego e uma vida normal.
Mas quando acordo e não sei
Quem eu sou, quem me tornei
Eu começo a bater mal.
O teu bem faz-me tão mal!

Já me enquadro na tua estrutura.
Não ofendo a tua moral.
Mas quando me impões o meu bem
Eu ainda sinto aquém.
O teu bem faz-me tão mal,
O teu bem faz-me tão mal!

Sei que esperas que não desiluda,
Que por bem siga o teu ideal.
Mas não quero seguir ninguém
Por mais que me queiras bem.
O teu bem faz-me tão mal,
O teu bem faz-me tão mal!

Sei que me vais virar do avesso
Se eu te disser foi em mim que apostei.
Não, não é nada que me rale
Mesmo que me faças mal.
Do avesso eu te direi:
O teu mal faz-me tão bem!