quinta-feira, maio 20

A não crise

Ontem tive uma conversa com os meus pais que, apesar de não ser novidade para mim, ainda me deixaram mais pessimista sobre o futuro. Muitas das coisas que falamos estavam na minha memória como algo distante, era miuda, era mesmo pequena e portanto não me lembrava de pormenores.

Pessoalmente não me lembro qual era o estado da economia antes da entrada na CEE, mas sei que não era facil. O crédito como o conhecemos não existia, as pessoas ou tinham dinheiro ou não tinham. Ou se poupava durante muito tempo para se comprar a casa ou o carro ou então não se comprava. Os bancos tinham orçamentos para dar crédito e se a meio do ano esse orçamento se esgotasse já não se dava mais credito. Era assim, as pessoas sabiam e estavam habituadas. Não havia compras por impulso, não havia cartões, não havia um consumismo, simplesmente porque não havia dinheiro para tal.

Pelo caminho em que as coisas estão não prevejo nada de muito diferente para o nosso futuro. Não que queira ser pessimista, mas os dias de ouro e decrédito fácil que vivemos estão para acabar. Estamos no meio de uma crise economico- financeira que vai certamente ser estudada daqui a uns anos, tal e qual como eu estudei a crise dos anos 20 e o crash da bolsa, que na altura parecia estar tão longe.

O nosso governo anda a brincar às casinhas, não sabe o que fazer, não sabe o que dizer, ora estamos bem porque somos a economia que mais cresce ou estamos tão mal que temos que tomar medidas sérias para sair da crise. Ou estamos mal mas é só um bocadinho porque as medidas são até 2011 ou então estamos ainda pior porque no fundo vamos ficar assim até 2013. Ou as coisas não têm rectroactivos e vão incidir apenas a partir de Junho ou então estamos lixados porque o sistema não permite ter duas taxas e vai ser tudo calculado sobre o valor de rendimentos anuais.

TGV?! claro que vamos ter - dizem eles. 3ª travessia sobre o Tejo?! Claro que vamos ter - continuam a dizer eles. Pessoalmente não acredito que vá acontecer, não porque eles não queiram, simplesmentemente não vai haver dinheiro, ninguem nos financia, ninguem quer ter nada a ver com Portugal, a altura do "bom aluno" vai longe, agora somos os calões da turma, daqueles de quem todos se afastam porque não querem ficar iguais.

Quando um país emite titulos de divída publica e niguem os quer, quando um país "obriga" a banca nacional para subscrever a coisa está mal, está muito muito mal. O melhor é que acho que o povinho anda feliz e contente, a achar que as coisas estão mal mas que não é nada de especial. Agora que os impostos vão aumentar já reclamam um bocadinho, mas ninguém sabe o quanto isto nos vai morder... ninguem faz a minima ideia... honestamente?! eu também não...

2 comentários:

Rafeiro Perfumado disse...

Eu recordo-me dos tempos em que o Mário Soares era primeiro-ministro, e de estar na fila com a minha mãe para podermos comprar dois litros de leite. Só a ideia de voltar a passar por cenas iguais não é nada agradável, mas se continuam a assobiar para o ar, é bem provável.

Beijoca!

PS: costumo responder aos teus e-mails (do gmail) e voltam sempre como não entregues

Feitiozinho disse...

Confesso que não me lembro dessa altura so Soares mas a conversa que tive com os meus pais foi exactamente nesse sentido...

Infelizmente está tudo a consumir mais do que pode e o resultado final é que algo vai ter que ceder... pensa assim, pode ser que a coisa melhore para as gerações futuras, porque a nossa já foi completmente entalada!