Continuo sem compreender porque é que às vezes me dou ao trabalho de fazer as coisas como deve de ser.
Num passado mais ou menos longínquo encontrei um batráquio amestrado e frustrado que me tentou chegar a roupa ao pelo por causa de um lugar de estacionamento que, só assim por acaso era “meu”. (fica aqui o reminder).
Ao fim destes diazinhos todos lá fui chamada à divisão criminal para prestar declarações na condição de ofendida. Mentalizei-me que seria sempre uma coisa rápida, contar a mesma historia e voltar ao batente. E assim fez, cheguei à espelunca, mostrei o cartão da convocatória e fui indicada à “sala de espera”.
Para me entreter enquanto esperava peguei no meu querido BB e continuei o meu contacto com o mundo. Estava calmamente na palheta quando reparo em dois tipos que tinha acabado de entrar na sala de espera e que se sentaram ao meu lado:
Feitiozinho: Miúda, acho que o outro atrasado mental está aqui sentado ao meu lado e que veio com advogado!
F: estás a gozar?!
Feitiozinho: eu acho que sim mas não tenho bem a certeza. Se calhar não é.
Entretanto fui chamada pelo magnifico inspector o qual me levou para uma salinha e começou a fazer as perguntas da praxe. Se sabia porque estava ali e se sim se queria continuar com a queixa. Ao final de mais ou menos uma hora já tinha contado a minha versão da historia de mil e uma maneiras diferentes ao que o inspector me explicou os passos seguintes:
Inspector: Portanto como não temos provas nem testemunhas o que nos resta fazer é a identificação do fulano. Consegue identifica-lo?
Feitiozinho ( com um ar muito inocente e coquete): Sim, eu acho que sim, se bem que o senhor (lá está que dentro da minha cabeça os adjectivos do camelo eram diferentes) estava de óculos escuros quando tudo aconteceu…
Inspector: Ou consegue ou não consegue, se não conseguir não a probabilidade de se arquivar o processo é bastante grande. Tem a certeza?
Feitiozinho: não me diga que era o senhor ( lá está) que estava sentado no bando ao meu lado, provavelmente com o advogado ao lado?
Inspector: Pelos vistos consegue identifica-lo.
Conversa para aqui e para ali lá me disse que iria ter que esperar numa outra sala enquanto questionava o animal e que depois teria que fazer uma identificação “line up” do género do CSI. Esperei perto de uma hora até que ele decidiu aparecer de novo.
Inspector: As coisas correram mal, o advogado do camelo amestrado identificou-a e como não podem estar os dois juntos antes da identificação ele vai tentar anular tudo.
Feitiozinho: está a brincar comigo?
Inspector: Não, o advogado estava armado em esperto pelo que tive que o mandar embora. De qualquer das formas constitui o camelo amestrado de arguido.
(e na sala quase se ouviu um uuuuhhhhhh)
Vou ter que lhe pedir para vir cá outra vez no dia 8 bem cedo de manha para podermos fazer a identificação.
Moral da historia, o animal faz asneira e quem é castigada é aqui a Je, que em vez de ter ficado quietinha e de ter engolido tal cena macabra decidiu apresentar queixa à policia. Agora para além de passar mentirosa e louca ainda tem que procurar um advogado e não ir sozinha para que as coisas corram bem.
Agora digam-me qual é a vontade que uma pessoa tem para continuar com estas merdas? Repetir tudo de novo? Mais declarações e não sei quantas horas à espera para que não dê em nada? Honestamente já não estava à espera que isto fosse dar em coisa alguma mas pelo menos aquele eunuco da próxima vez que se lembrar de fazer outra igual pensa duas vezes, não vá ter que perder mais uma manhã de trabalho.
Mal posso esperar para o identificar e o levar a tribunal!
6 comentários:
olá! Eu lembro-me da história do estacionamento. Isso da esquadra, tira a paciência a qualquer um. beijos e um bom domingo! Força e espero que venças em tribunal.
Acho muito bem! Besta do caraças, ele faz as merdas e tu é que tens de passar o frete e ter o trabalho todo! Porra!
Força!
Beijocas grandes e muitos parabéns pelo blogue, fiquei fã!
E tu ainda tens alguma fé na justiça cá em Portugal? Eu não...
nuno: quem me dera ser assim tão fácil mas a verdade é que não estou com muitas esperanças. Não tenho provas, não tenho testemunhas nem filmes... Basicamente é a minha palavra contra a dele e sempre ouvi dizer que toda a gente é inocente até se provar o contrário... acho que isto não está a soprar para a minha vela...
salto-alto: quem me dera ser assim tão fácil mas uma tipa chega a um ponto em que deixa de acreditar nessa historia chamada justiça, acaba por parecer um conto de crianças como aquele do pai natal e dos carvões... Chega-se ao final de tudo e acabo por ser eu a ter o trabalho todo e nem sequer chego a sair da estaca zero... cómico, não é?
qqcoisa: miúda eu ainda acredito que vou ganhar o euro milhões... deixa lá uma tipa sonhar um bocadinho...
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